História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

e Drago, que não tinha em vão o nome de dragão, ordenou ao delinquente que despisse a farda, ao que este se recusou com firmeza, gritando em altas vozes que ia ser castigado inocentemente e pedindo para ser submetido a conselho de guerra. O major brasileiro deu, então, ordem aos tambores para que tirassem, à força, a fardeta ao soldado renitente; estes, porém, a quem parecia suspeita a multidão de expectadores, quedaram-se indecisos, enquanto o delinquente, num discurso catilinário, invocava o socorro dos seus camaradas. Nas fisionomias de todos os assistentes estampava-se profundo rancor e, como o surdo e longínquo trovejar da tempestade que se aproximava, percorreu todo o quadrado um murmurejar cada vez mais temeroso. Furioso, gritou Drago que em vez de 25 aplicassem ao soldado 125 chibatadas; mas, como que para provocar de vez a explosão da revolta, apareceu neste momento o capitão de engenharia a quem o granadeiro inocente servia de bagageiro. Com frases bastante fortes, exprobrou ele ao major o seu injusto procedimento, e exigia que o soldado fosse imediatamente posto em liberdade. No mesmo instante, Drago acedeu, trêmulo de medo, mas já era tarde demais, pois a multidão revolta começava a se adensar em volta dele. Correndo o máximo perigo de vida, pôs-se em fuga e conseguiu alcançar incólume a sua casa próxima antes que os perseguidores o agarrassem pela barba eriçada.