História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

tinha de servir, disse: "Enquanto me aprouver e a tua carcaça resistir".

Tudo isto, porém, poderia ser sanado de certa forma se na direção do serviço houvesse o espírito de severa justiça; mas, nele era impossível pensar devido à composição do corpo de oficiais. Na organização do mesmo, o imperador e as autoridades militares agiram com inteira arbitrariedade e capricho; ao passo que muitas vezes eram recusados oficiais europeus cheios de serviços, ou admitidos em posto inferior ao que haviam conquistado anteriormente, aventureiros, que agradavam pela sua aparência ou pelos seus fardamentos fantasticamente brilhantes, eram rapidamente promovidos, sem que se olhasse a conhecimentos, ou ao respectivo passado militar ou moral; outrossim aceitava-se gente de todas as nacionalidades, de modo que no corpo de oficiais, no conjunto, era impossível a existência dum genuíno espírito de solidariedade, e muito menos pudesse exercer influência e despertar dedicação no ânimo das praças. Além do mais, havia agregado a cada batalhão estrangeiro, um major brasileiro, que ao verdadeiro comandante pouco mais deixava além do título e das honrarias; para estes cargos não eram positivamente escolhidos os melhores, porquanto as autoridades militares absolutamente não partilhavam do interesse que D. Pedro dedicava pessoalmente às tropas estrangeiras. Pode-se imaginar, consideradas estas circunstâncias, o que se passava no interior dos batalhões estrangeiros; na ausência do respeito e da dedicação, os soldados só podiam ser mantidos em ordem pelo terror, e castigava-se com tanto mais frequência e rigor, quanto este ou aquele oficial procurava abafar o mau humor provocado pelas suas próprias injustiças, ou os assaz frequentes desvios de dinheiro dos soldos. O desespero apoderou-se das praças; amiudaram-se cada vez