História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

mais os suicídios e as deserções, ou os desgraçados procuravam esquecer as suas misérias na embriaguez e nos excessos. Em resumo, apesar de exteriormente brilhantes e muito superiores às tropas nacionais em garbo e tirocínio militar, os batalhões estrangeiros estavam, no íntimo, completamente desmoralizados e desorganizados.

Por outro lado, no que respeita à sua situação no país, eram absolutamente impopulares. Já mencionamos como os brasileiros, após a sua prolongada reclusão, então se mostravam muito mal satisfeitos com o aliciamento de elementos estrangeiros; não desejavam sequer colonos estrangeiros e muito menos soldados estrangeiros.

As tropas nacionais olhavam com ciumenta inveja e ódio para estes, cuja superioridade militar tinham de reconhecer e se, já anteriormente, não se tinham podido harmonizar com os seus camaradas portugueses, da chamada "Divisão auxiliadora", não era de admirar que, com os alemães, vivessem em contínuos atritos e rixas sangrentas nas quais, como era natural, a população tomava partido pelos seus patrícios.

Os liberais viam nas tropas estrangeiras apenas um instrumento e um baluarte da Tirania; e fosse verdadeiro o boato de que, por ocasião dos funerais da imperatriz Leopoldina, conspiradores solicitaram em vão o auxílio dos alemães, este fato devia ainda mais fortalecê-los naquela opinião; o pensamento, pois, de aumentar o seu número, conforme partiu do Senado na legislatura de 1827, encontrou na câmara dos deputados a mais decidida oposição. Ainda mais, um duplo motivo contribuía para piorar a condição dos mercenários estrangeiros. Era notório que os agenciadores, para arranjar gente, tinham aqui e ali na Europa esvaziado as prisões, daí resultava serem todos os emigrantes estrangeiros considerados como vagabundos e presidiários,