massas sombrias, que pareciam, quais feras bestas da remota floresta de nuvens, nos seguir com olhares ameaçadores e passos lentos; o ar conservava-se frio, mas tranquilo; as pesadas nuvens cor de enxofre roçavam cada vez mais próximas das grimpas das colinas daquela região ondulada. A cada minuto, a tempestade parecia concentrar-se e aumentar temerosamente, e antes se teria acreditado que a Cochila Grande era que estava, na realidade, em movimento, do que ser toda aquela medonha aparição apenas uma espécie de procissão aérea a desfilar sob a abóbada do firmamento.
Com pasmo e pavor fitavam os brasileiros o estranho e terrificante fenômeno, aquele aparente conúbio da terra e do céu, e asseguravam, no primeiro susto, ser a cólera divina que em poucos minutos havia de destruir por um milagre o exército inteiro como às hordas de Faraó no Mar Vermelho. A princípio, os alemães zombaram dos seus camaradas menos animosos; mas, quando as nuvens de súbito se abriram e, com terrível magnificência, desprenderam sua carga elétrica, calaram-se também os cânticos jocosos e irônicas expressões do 27° batalhão. Um só golpe de vento impetuoso impeliu num instante a tempestade sobre as nossas cabeças, quando rebentou com tamanho efeito que, muitos dias depois, raros eram os que no exército não conservavam no corpo contundido lembranças de sua passagem;