História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

e repetidamente renovava-se a queixa de que o governo contaminava a nação com semelhante canalha. Finalmente, o modo porque os engajados chegavam em grandes transportes, como carregamentos humanos eram desembarcados e conduzidos aos depósitos, tudo isto tinha tanta semelhança com os processos correspondentes do, então em plena florescência, comércio de escravos negros, que os recém-vindos não tardaram a ter, na voz do povo, a alcunha de "escravos brancos", e mesmo ainda depois, nos seus garbosos uniformes, se vissem expostos ao escárnio e a zombaria do populacho branco e de cor.

A medida do descontentamento estava repleta; faltava apenas uma gota para fazê-la transbordar. No ano de 1827, o imperador D. Pedro enviava o coronel Cotter, do 3° batalhão (estrangeiro) de granadeiros, irlandês de nascimento, à Irlanda, para ali engajar gente a moda do major von Schaffer; e esse imitou brilhantemente ao seu modelo, prometendo generosamente e todos os indivíduos desejosos de emigrar e que se deixavam aliciar como colonos — dum engajamento militar não se falava — passagem gratuita, doações de terras, etc., além de avultado salário. Destarte conseguiu ele numerosa afluência e pôde, em janeiro de 1828, levar ao Rio de Janeiro alguns milhares de irlandeses. Ali sucedeu-lhes o mesmo que aos alemães, sem consideração aos seus contratos e promessas, e sem atender à sua recusa, pretendeu-se alistar no exército todos os indivíduos aptos a pegar em armas; foram, no entanto mais felizes, porquanto o representante da sua pátria, o ministro britânico Sir Robert Gardon, interveio em seu favor e advertiu ao governo brasileiro que, se os seus compatriotas não se quisessem prestar voluntariamente ao serviço militar, não podiam ser a isto forçados. Teve-se por isso de tomar o caminho da brandura; deram liberdade aos