Os deputados cuidaram também, com suficiente circunspecção, de anular o objeto de seus desígnios junto aos mineiros; por meio de emissários enviados do Rio de Janeiro, conseguiram com boatos, fundados uns e inventados outros, incutir no ânimo do povo daquela província tamanha animadversão ao monarca, que ali não havia mais que esperar regressassem ao cumprimento do dever e, muito menos, que se abalançassem a empreender, fosse o que fosse, em favor de D. Pedro, com dano à constituição. O então governador do Rio de Janeiro, Lima, risonho, tartufo, zombeteiro, que na frente sempre se mostrara amigo e pelas costas sempre fora inimigo do imperador, olhava de longe para o seu desvairado protetor e pensava consigo mesmo: "Vai, minha raposa, vai cair na armadilha, da qual eu fui um dos principais artífices".

Este parasita, a quem o favor de D. Pedro elevara, com toda a sua família, da mais baixa poeira a um dos mais altos cargos do império, ousou então, segundo o testemunho de muitos brasileiros notáveis, sentir a temerária ideia de usurpar para si e para os seus descendentes masculinos, se não todo o império, pelo menos a sua mais bela porção. Não eram, pois, de esperar sentimentos de gratidão e de dever, de um homem, cujo egoísmo brutal já o redimia de qualquer obediência "por ser brasileiro nato e D. Pedro um estrangeiro".