História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

mais obstinados; outros foram estabelecidos na colonia São Januário, na província da Bahia, e ainda outros ficaram provisoriamente no depósito; finalmente, a um pequeno número, trezentos ou quatrocentos homens, conseguiu-se persuadir a entrar para as tropas estrangeiras, prometendo-lhes o duplo do soldo estipulado para os alemães, rações dobradas e isenção dos castigos corporais; sob estas condições foram incorporados ao 3° batalhão de granadeiros, do coronel Cotter. Mas colocando assim gentes de diversas nacionalidades e com direitos diferentes para um serviço igual na mesma linha, fez-se naturalmente desaparecer dela toda e qualquer ordem regular; o descontentamento dos alemães, vendo-se assim vergonhosamente menoscabados, devia atingir ao auge; mas, também os irlandeses, quando começaram a conhecer a vida sob a bandeira brasileira, cedo arrependeram-se do passo dado, e participaram do desgosto geral.

A 9 de junho de 1828 ocorreu a explosão. Nesse dia, depois da parada deviam ter lugar, no quartel do 2° batalhão de granadeiros, situado fora da cidade, perto de São Cristovão, os costumados castigos corporais. Por motivo de uma parte dada pelo oficial de ronda ao major brasileiro agregado de nome Drago, um granadeiro fora condenado a 25 chibatadas; granadeiros dos 2° e 3° batalhões, alemães e irlandeses, haviam-se reunido ali em grande número, como espectadores da aviltante punição. O deliquente foi trazido para o palco e recebeu ordem de despir a farda; a isto, porém, recusou-se ele decididamente, declarando em altas vozes que o castigo era injusto e exigindo um conselho de guerra. Semelhante resistência levou ao paroxismo da cólera aludido major, que mandou amarrar o preso e aplicar-lhe, em vez de 25, 125 chibatadas, ordem esta acolhida com intenso murmúrio pela multidão reunida.