História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

E, justamente, neste momento crítico, surgiu um capitão de engenheiros, junto ao qual o delinquente servia de bagageiro, para pedir ao major que dispensasse do castigo à sua ordenança. Esta coincidência exaltou a turba sediciosa; aproximou-se, como que movida de curiosidade, cada vez mais do major Drago, que terminou por aceder ao pedido; mas, já era tarde.

Soou o grito de "Mata o cachorro português" e, custosamente, conseguia o major ganhar o seu domicílio, de onde, por uma janela, fugiu para o campo; por isso a sede de vingança secou-se com a destruição da propriedade do odiado oficial; até o seu cavalo foi tirado da estrebaria e impelido a pontaços de espada para dentro da vizinha enseada. Todo o 3° batalhão abriu em franca revolta; debalde procurou o coronel dell'Hoste, italiano de nação, homem justiceiro mas alquebrado pela idade, restabelecer com brandura a ordem; os seus esforços foram infrutíferos.

Por fim via-se obrigado, ao entardecer, a conduzir o batalhão ao palácio imperial de São Cristovão, onde os amotinados exigiram autoritariamente a presença do soberano, reclamando rigorosa punição para o major, uma capitulação escrita estipulando o prazo do serviço em três anos, e igualdade de soldo e de privilégios com os irlandeses. Atemorizado, o imperador prometeu satisfazer a todas as exigências; o major Drago foi, para sua própria segurança, mandado prender e, entre salvas de regozijo, cujas balas passaram silvando pela fachada do palácio; o batalhão regressou ao anoitecer, ao que parecia acalmado, ao seu quartel. Entretanto, na manhã seguinte de 10 de junho, renovou-se a sedição; primeiro foi agredido o ajudante do batalhão e com dificuldade salvo; em seguida voltaram-se os amotinados contra um capitão encarregado do rancho e acusado de graves fraudes; ferido dias antes por uma pedrada, e jazendo doente, foi