História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

conservava-se de pé, junto a uma das janelas do seu palácio, contemplava, com olhar sombrio e turvo, as risonhas campinas sobre as quais, até então, dominara tão arbitrariamente. Nisto aproximou-se a galope o general Lima, apeou-se apressadamente do cavalo e subiu, sem se fazer anunciar, os largos degraus da escada do palácio imperial.

— "Então, Lima, que há?" perguntou D. Pedro.

— "Saiba V. M. que as cousas vão mal; o povo exige uma melhor garantia para a constituição e um ministério que não abafe as opiniões liberais.

— "E que pensas a respeito, general?"

— "Sou da opinião do povo e, em caso de necessidade, desembainharei a minha própria espada em defesa da causa da justiça".

Esta resposta seria em si bastante nobre e louvável, se Lima houvesse anteriormente pensado assim; mas, até então, tinha sido um servo da tirania e só atingira ao alto posto em que agora se mostrava tão arrogante, única e exclusivamente graças ao favor imperial. O egoísmo era o impulso que lhe ditava aquelas palavras, pois, pouco se lembrava dos benefícios recebidos e a gratidão era, aliás, estranha ao coração daquele homem tão pouco ilustrado quão inexperiente, pelo menos do ponto de vista militar.

Irado, apontou-lhe D. Pedro a porta. Lima saiu; mas, foi para imediatamente montar a cavalo