História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

arma com maior rancor, e o português com mais segurança e força. Já de ambos os combatentes corria o sangue de profundas feridas, mas não pareciam senti-las; o encarniçamento atingira ao paroxismo.

Finalmente enfraqueceu, varado em vários lugares, o braço do brasileiro; exaurido pela enorme perda de sangue, abaixou a mão e a pesada espada caiu retinindo no chão; o agredido vibrou ainda alguns golpes, movidos pela força da cólera incontida, contra o adversário desarmado, e afastou-se triunfante do campo da luta.

Só então, a guarda, composta de alguns artilheiros inválidos, ousou, por ordem do governador da ilha, aproximar-se lentamente e transportar o corpo quase exânime e abundantemente sangrado do herói brasileiro. Este incidente não contribuiu para agravar o rigor do castigo imposto ao preso porque, conquanto, naquela época os nacionais já houvessem conquistado o predomínio, havia entre os oficiais mais antigos, principalmente entre os comandantes de fortalezas, muitos portugueses natos que o governo não ousava despedir porque já se achavam ao serviço do império antes de 1822 e, portanto, antes do juramento da constituição. Era deste número o comandante da Ilha das Cobras, que protegeu por todos os meios o preso vitorioso, seu compatriota, contra a fúria dos brasileiros que, do contrário, o teriam feito em pedaços.