História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

foi depois perdoado e concederam-lhe a liberdade, sob a condição de deixar imediatamente o país.

Fosse que tantas vicissitudes não houvessem abrandado o ânimo aventureiro do D. Queixote alemão, ou fosse que o forçasse a necessidade de dinheiro, o certo é que aceitou sem vacinar a temerária proposta. Ele, que pouco antes ainda andava mal vestido, apareceu de repente luxuosamente trajado, representou de cavalheiro e fez, no decurso de poucas semanas, mais relações agradáveis e vantajosas do que qualquer outro estrangeiro, na melhor hipótese, em outros tantos anos. Aos seus brilhantes panfletos, ao seu zelo infatigável e untuosa força de persuasão, deveu o tutor, que aliás só agia em segredo e não emprestava o seu nome à conspiração, unicamente que em poucos dias se organizasse uma conjuração completa, na qual participavam pelo menos quinhentas ou seiscentas pessoas. Em toda a cidade sabia-se mais ou menos disto e esperava-se diariamente ver de novo as ruas tintas de sangue e semeadas de cadáveres.

Era, realmente, muito ridículo quando naquele tempo se passava de manhã cedo pelas ruas, ver os brasileiros excitados em alto grau, como formigas assustadas e em febril indecisão, a correr diante das suas portas e escutar as suas conversas; todos olhavam o céu para prever se choveria ou não.