Há um duplo dever a cumprir, para com a nossa população atual: um dever de educação e um dever de assistência econômica e social.
Quanto a este, a selvageria dos indígenas, como forma superlativa de atraso, impressiona mais vivamente, e provoca, de tempos a tempos, tentativas de civilização. Mas, o único proveito positivo tem consistido, até aqui, em salvar algumas das populações indígenas da extinção e da perseguição, oficial ou por mão de colonos.
É conhecida a ação regeneradora das cooperativas e mutualidades agrícolas, em várias regiões da Europa. Populações decadentes, indivíduos degenerados e corruptos, reergueram-se, moralizaram-se, deram-se ao trabalho, e prosperaram, graças a essas associações, destinadas à compra e venda de terras e instrumentos de lavoura, cedidas a indivíduos sem capital. O que as mutualidades têm feito na Europa, o governo pode e deve fazer aqui.
É este o ponto em que cumpre reprimir o exagero individualista do "laissez faire, laissez aller, laissez passer". Tenhamos em mente que as noções não se formam espontaneamente em nossa época: são construidas por seus dirigentes; são obras d'arte políticas. É este, aliás, o critério que vamos seguindo, mas justamente com rumo oposto ao que convêm.
O Brasil tem de ser uma república social, por força de seu destino, e da fatalidade de seu surto na era da questão social; e tem de ser, intuitivamente, uma república agrícola. É preciso que seja, porém, uma república social, previdente e conservadora, para que o povo não sinta um dia a necessidade de arrancar à força o que os governos