A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

IV

CIVILIZAÇÃO, PROGRESSO E POLÍTICA

Para responder a esta pergunta: se o governo é, em nossa época, um instrumento de utilidade e de bem, ou, se, persistindo como produto espontâneo da evolução, nem sempre talvez perturbador, ele é, contudo, na marcha dos povos, um fator nulo, ou quase nulo, de ação própria benéfica, devendo-se atribuir o desenvolvimento da sociedade mais a seus próprios impulsos naturais do que à ação política, é imprescindível fixar no espírito o valor destes termos: civilização, progresso e política.

A civilização humana é produto do sacrifício da Terra ao impulso de cobiças incontidas. Guiado por suas ambições, no atropelo de conquistas e ocupações territoriais, satisfazendo desejos e necessidades com uma brutalidade vizinha do apetite animal, sem espírito de equilíbrio entre as camadas sociais contemporâneas e sem consciência da continuidade da espécie, o homem estabeleceu-se, no reino de sua vitória material sobre os outros seres, como um dominador, para quem os bens da Terra são despojos conferidos ao gozo de cada geração.