A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

Mais nefasta que a influência desta política econômica exclusivista e artificial — com que se anda a curar crises quando o remédio devera consistir em sanar o mal, em suas causas íntimas e permanentes — é a influência perturbadora e aviltante do Estado, como criador e fomentador de especulações, de negócios ilegítimos, de indústrias sem base em nossa natureza, de jogo, pelas operações fictícias de câmbio e pela loteria, e de fortunas fraudulentas, acumuladas à custa da ruína de associações e institutos de crédito; como testemunha passiva da desvalorização das terras e do assalto à propriedade alheia, nas administrações de sociedades e bancos, sem fiscalização e sem contas; como espectador indiferente, em suma, do espetáculo de insolvabilidade e de irresponsabilidade, estado quase geral do comércio e da agricultura, depois das crises financeiras e econômicas com que a ação dos governos os tem perturbado.

Aos efeitos mais grosseiros destas causas acrescem muitos outros fatores de desequilíbrio e de perturbação; o imposto, desde a União até aos municípios, ataca propriedades, produções, indivíduos e a circulação comercial inteira, com uma audácia e uma inconsciência de repercussão e incidência quase cegas; a vida oficial, com a manutenção e localização das forças militares e navais e do funcionalismo, com obras públicas e luxos inúteis, desloca atividades, ou concentra e congestiona, aqui, a circulação, para anemiá-la em outros pontos; a influência política e o favoritismo ocasionam outros desequilíbrios, no traçado das estradas de ferro, nas obras dos portos, nas vantagens criadas em favor de certas cidades,