Outra ilusão dos políticos é a eficiência da verdade eleitoral, como base da representação das correntes de ideias.
Confunde-se habitualmente, neste assunto, o ponto de vista da moralidade política com o da realidade representativa. No ponto de vista moral, um país de constituição democrática, cujo processo eleitoral é fictício ou fraudulento, repousa sobre uma mentira flagrante. Tal democracia não se distingue, politicamente, de qualquer autocracia ou oligarquia, senão pela irresponsabilidade dos que exercem a ditadura.
Trata-se aqui de uma condição elementar da vida legal, mas inverte-se a posição dos fatos quando se pretende atribuir ao defraudamento das eleições a importância de uma coisa do sofisma da verdade representativa.
A pureza do regime eleitoral resulta da existência do regime de opinião. Como expressão da vontade coletiva, a eleição pressupõe uma mentalidade coletiva. As eleições mais puras, que não exprimam resultados de lutas entre opiniões, não têm por efeito senão firmar o poderio dos indivíduos que se investem das delegações públicas, por uma das formas mais antipáticas e grosseiras da força bruta: a das maiorias inconscientes.
Maiorias que não sabem ao que vêm, ao entrar no recinto das assembléas, representam, no regime das democracias, o mesmo papel de qualquer dos generais bárbaros do baixo império romano, elevado ao trono dos Césares pela força impulsiva e brutal das legiões.
O regime de opinião depende de um certo grau de cultura e de um grau maior de civismo. Possuímos ilustração em escala mais elevada do