A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

seu móvel, o desvio visível da bússola que o deve dirigir.

O patriotismo de outrora lançava raízes no passado e trazia a alma eriçada em combate contra o estrangeiro; a terra era, para o homem, a região sagrada dos avós, o cenário das lendas divinas, onde túmulos e monumentos prendiam os olhos à antiguidade; os primeiros homens, divinizados, passaram a ser a sabedoria perfeita e absoluta, a cujos conselhos se pediam os princípios diretores da existência: o Deus criador e revelador de todas as religiões teve contato com os fundadores da nação e disse-lhes aos ouvidos as leis imortais que os deviam guiar e a seus pósteros. O estrangeiro era, por outro lado, o inimigo de Deus, da verdade, da lei e, portanto, da Pátria.

Um dos notáveis efeitos do espírito de religiosidade sobre os destinos do homem foi a escravização de seu critério à lei do passado.

Há um erro no conceito vulgar de que a luta pela vida foi a causa da hostilidade entre os homens. Se fosse possível admitir um homem primitivo, atuando, calma e serenamente, sobre o mundo material, em busca dos meios de subsistência, ele teria encontrado, nas próprias leis do equilíbrio e da compensação da física terrestre e social, as soluções de seus conflitos; mas o terror do desconhecido e os sobressaltos do imprevisto, perturbando-o, conduziram-no para o caminho do sobrenatural, por um lado, e para o da guerra, por outro.

Desde que criou um legislador, soberano e absoluto, que lhe prescreveu leis imutáveis, o homem escravizou-se ao passado, habituou-se a procurar, na palavra revelada de Deus, e, depois,