sucessiva de indivíduos e classes à camada dominante. Em todas as nacionalidades clássicas, e nas que as imitam, quando chegadas a um grau aceitável de civilização, a igualdade legal se tem traduzido pela supremacia de uma classe dotada de privilégios efetivos, sobre uma multidão de indivíduos, beneficiados com um título de eleitor e com o ensino do silabário e da cartilha das quatro operações ou coisa semelhante.
Sociedade, nação e pátria são ideias elegantes, abstrações de luxo intelectual no meio dos governantes e da burguesia letrada e econômica; o povo só tem realidade efetiva na retórica dos discursos políticos e no uso material de um direito de voto que os dominantes dirigem com a pressão da influência e do dinheiro.
Nesta aristocracia de fato, o patriotismo é uma virtude profissional, para políticos e para funcionários, e uma distinção hierárquica, para intelectuais e burgueses.
Para o oficialismo, os políticos e a burguesia, a pátria é uma espécie de visão literária, em cuja imagem se refletem devaneios cavalheirescos, vagos sentimentalismos românticos, arcaísmos inconscientes de apego material à terra e paixão vesânica pela bandeira. No fundo, os oradores das democracias repetem, em suas declamações patrióticas, as mesmas bravatas de cavaleiros e bardos nos tempos feudais. A pátria é, materialmente, a terra natal; o patrício, o filho da mesma terra.
É um sentimento postiço, que, a não ser sob o impulso bestial da paixão, todos sacrificam, diariamente, aos mais mesquinhos interesses pessoais. É a noção egoísta, que, prendendo-se à abstração da terra e do homem, desinteressa-se da realidade