manifesta-se a tendência para a hierarquia do capital.
O contraste entre as duas camadas externas da sociedade, na escala da seleção feita por este critério, é a grande moléstia de nossos dias e a pavorosa ameaça que acabrunha o futuro.
O argentarismo, embora alheio à política, domina mais que os próprios poderes públicos e irrita a chaga da miséria. O despotismo do dinheiro, em face dos famintos e da gente de posição, será o estado permanente das nossas sociedades se a política não for substituindo o velho equilíbrio das forças tradicionais pelo equilíbrio conservador da balança dos interesses, fundado no respeito às necessidades vitais e às aptidões do homem.
Se a sede de fortuna arremessou para as nossas costas seus primeiros povoadores, a ideia de ganho, senão também o desejo de enriquecer, é ainda o motor das imigrações contemporâneas. O móvel psíquico, que nossos avós deixaram latente em nossas almas, multiplica-se agora pelo coeficiente do móvel, idêntico, dos mais novos patrícios. O dinheiro é realmente o soberano das classes médias.
Se a destruição das velhas bases da ordem política vai favorecendo, por toda a parte, mercê da imprevidência dos diretores da sociedade, a implantação de uma hierarquia argentária, esta tendência será ainda superexcitada, nos países novos, pelo velho elemento psíquico que dominou a primitiva colonização e que inspira os povoadores de hoje. A isto, o gosto pela imitação dos costumes superficiais das sociedades adiantadas, que é a concepção vulgar da civilização, acrescenta os