A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

estímulos do amor ao conforto exagerado, ao luxo, às ostentações da vaidade.

O grande perigo das sociedades novas é a oligarquia timocrática, prevalecendo, na vida real, sobre a democracia nominal da lei. Nós caminhamos francamente para este perigo.

Se se dissesse, em uma assembleia política, que o conjunto dos fatores que impelem a nossa marcha caminha para fazer de nossa pátria uma espécie de Cartago, onde uma classe de potentados tende a esmagar a iensa maioria dos indivíduos - livres, é certo, em nome da lei, e mais seguros de sua vida, de seu corpo e da liberdade física - mas tão realmente escravos e miseráveis, no quadro da nossa civilização, como os africanos subjugados pelo braço fenício, tal afirmação seria certamente recebida com ironia.

O analfabetismo, ou o simples ensino, mais pernicioso que útil, do alfabeto e das quatro operações, a carência dos primeiros elementos da saúde e da vida moral, do senso, da iniciativa e da ambição, fazem do nosso povo um imenso rebanho de corpos exangues e de almas desfalecidas.

O regime econômico que nos vai conduzindo para a plutocracia social, isto é, em realidade, para a socialização da riqueza nas mãos de um grupo, não faz a felicidade daqueles que privilegia.

Esses homens são, na generalidade, tão bons, tão afetuosos, tão compassivos, como os melhores dos apóstolos da reforma social. Para eles, a posição privilegiada é uma fortuna da vida social, como a miséria dos outros, uma fatalidade. Procuram, tanto quanto possível, resgatar o privilégio de que gozam, com o exercício do bem e da caridade.