A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

autoridade intelectual, inspirada na concepção doutrinária dos fins e meios do governo.

É muito importante, para o desenvolvimento deste trabalho, acentuar e destacar a ação destes três fatores históricos: a forma espontânea dos governos primitivos; a intercorrência de guerras, invasões, imigrações, revoluções e substituições de raças e camadas sociais; a ação doutrinária dos pensadores. Foi o conflito destas três correntes que caracterizou a evolução das nacionalidades civilizadas; da Grécia, desde a democracia e as guerras medo-persas; de Roma, desde os conflitos da aristocracia e do povo; dos povos da idade média e dos tempos modernos até a formação das grandes nacionalidades e a consolidação do regime absoluto; dos tempos contemporâneos, desde o período das revoluções europeias do século XVIII e do começo do século XIX, e da emancipação das colônias americanas até nossos dias.

Toda organização social tem de se basear numa força e de se exercitar como força. Originada, muito provavelmente, da astúcia dos chefes (rudimento inicial da dominação e da influência) e apoiada na força física, que eles constituíram, ela passou a ser um privilégio da autoridade, com base na força material. Destaca-se deste resumo das origens remotas do regime social um traço confirmativo da ideia que vimos sustentando: a relativa espontaneidade das formações sociais, em seu tipo normal. Depois dos agrupamentos meramente gentílicos, formados em torno do eixo da prole matriarcal ou patriarcal, os primeiros chefes foram, nas agremiações constituídas por grupos onde os traços de consanguinidade não eram mais visíveis ou já não eram conhecidos, os