espirituais, assumindo a parte meramente intelectual da primitiva magistratura, — anexados ou subordinados aos governos — passaram a formar a casta, a um tempo dependente e inspiradora, cuja influência se manifestava, sobre o desenrolar contínuo da atividade violenta dos chefes, entre alternativas de audácias salutares e disfarçadas conquistas de poder, numa espécie de ação corretiva e pacificadora dos abalos e choques dos interesses e das tendências espontâneas, por meio da ilusão, da sugestão, da resignação mística, das curas psíquicas e sociais dos males imediatos dos indivíduos e das massas: foram os mediadores da ordem material, direta, imediata, atual, entre o domínio dos chefes e as dores e aspirações dos povos.
Depois dos períodos em que a evolução política seguiu os impulsos e impressões instintivas do homem, não consistindo a ação diretora dos chefes senão em apreender e traduzir as tendências elementares da sociedade — período quase animal da cerebração, em que o espírito dos homens superiores não havia adquirido ainda a faculdade imaginativa, que domina a mentalidade selvagem — e esses outros, raros e passageiros, em que gerações de escol imprimiram às sociedades o curso de sua marcha naturalmente espontânea, as fases em que a vida social foi agitada pelo conflito daqueles grandes fatores alternaram-se em épocas de desordem violenta e época de relativo equilíbrio, sucedendo-se no comando dos processos políticos, ora a força física, representada pelos chefes guerreiros e seus descendentes, ora — mais raramente, porém com progressiva frequência — a