A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

faltado, sequer, para assinalar a nossa infeliz predestinação para esta espécie de situações precárias, um rudimento de capitulação, à maneira das escolas do Oriente, com a criação, por alvará de 4 de maio de 1908 Nota do Revisor, de um juiz conservador da Nação Inglesa, como o que havia em Lisboa. Terminadas as festas da Independência, abandonamos os trabalhos de organização, passando, por sobre uma ligeira obra legislativa e administrativa de cópias e imitações apressadas — feitas com imenso dispêndio, em lutas e debates estéreis — a sonhar e tentar novas ideias, novas conquistas, novas glórias.

Da abolição, não sentimos senão estas duas coisas: entusiasmo por uma ideia liberal, de cunho humanitário, e uma impressão de interesse sentimental pelo negro, sujeito ao jugo. Num e noutro destes impulsos, nem o amor pelo negro, nem zelo por sua sorte, predominava, senão, das formas do sentimentalismo emotivo, o mais superficial. A organização do trabalho não foi, absolutamente, por outro lado, objeto de cuidados. Importar colonos para acudir à solicitação dos fazendeiros, eis a única providência tomada; mas isto, longe de ser obra de organização, é uma das mais graves moléstias da nossa vida econômica. O negro saiu do cativeiro, para o aviltamento, para o alcoolismo, para a miséria; e o trabalho deixou de estar incumbido a essas máquinas de carne e osso, para passar às mãos de outros instrumentos, pouco menos servis, mas que resgatam, com pesado esgoto de capitais e gravíssimas desordens na circulação monetária, a agrura da posição em que se encontram.