O debate tradicional entre o individualismo e o socialismo predispõe os espíritos doutrinários, por outro lado, contra toda ação governamental que exceda dos limites traçados aos governos pelos discípulos e intérpretes da escola liberal inglesa.
Ora, os estudos sociais contemporâneos demonstram, em primeiro lugar, que os ortodoxos desta escola têm sido infiéis a seu pensamento, exagerando o individualismo em sentido favorável ao capital, elemento predominante nas sociedades de hoje; depois, que a prática do sistema deslocou para o capital uma parte do poder de opressão, outrora exercido pelos governos. E, além da razão do despotismo econômico, desde que o espírito da nossa idade não pode deixar de conceber a política como uma arte prática que tem de operar sobre elementos concretos: gente, terra, relações e interesses, e de estender, por conseguinte, seus processos até onde se estendam os interesses do indivíduo e da sociedade — pôr em prática as soluções ditadas por esses interesses, repelindo todas as que se lhes opõem, é missão elementar da política. Com relação a todos os problemas da sociedade e do indivíduo, a posição do governo deve ser determinada pelo dever de defender o indivíduo dos outros indivíduos e a sociedade e o indivíduo, do indivíduo e da sociedade. Tal problema como o da justiça, capital ao ver de juristas, passa a ocupar, na escala dos assuntos da legislação e do governo, posição subalterna, por sua ação excepcional e indireta, no fluxo ordinário e geral da vida, ao passo que outros, como os que interessam às relações