No espírito do legislador e no do industrial contemporâneo, a noção do uso da Terra participa do mesmo caráter da visão do selvagem, que abate árvores para colher-lhes os frutos e extingue espécies da fauna e da flora para obter o alimento de alguns anos. E esta inconsciência é tão comum que não é rara entre homens esclarecidos a ilusão de que os recursos e forças da Terra não têm sido, material e economicamente, comprometidos. Sociólogos há que não hesitam em afirmar a inesgotável exuberância das riquezas naturais do solo. A primeira das razões desta convicção é também, contudo, um argumento a se lhe opor: a crença no poder gerador da natura naturans e no destino teleológico da Terra a transformar matéria inorgânica em matéria orgânica: uma confiança supersticiosa, em suma, nas forças e energias da natureza.
Semelhante ilusão não resiste ao estudo sereno e refletido da realidade, na história da exploração da Terra. Sem contar com a diminuição do calor solar — de efeitos que escapam à apreciação e alcance do poder humano — a devastação de extensas regiões do globo, com alteração de climas e condições meteóricas e esgoto de riquezas naturais — é fato patente e fartamente documentado. Nas regiões intertropicais este fenômeno atinge proporções violentas, manifestando-se em rápidos e desastrosos casos de deterioração dos meios físicos.
O Brasil apresenta, talvez, o caso típico de mais rápida destruição. Compare-se ao Egito, à China, ao vale da Mesopotâmia, onde a exploração, continuada por dezenas de séculos, não