A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

destruiu quanto destruímos em pouco mais de três...

Esta obra de ruína é resultado do conflito entre a natureza do homem e a da sociedade — em começo apenas de estudo — com ideais e princípios que se tem procurado fazer cumprir e não realizar, impor dogmaticamente à vida e aos fatos, e não atingir por força do progresso adaptativo do indivíduo e da sociedade. Esta aparente e instável civilização cuja altura, desigual e incoerente, atinge altitudes majestosas, em alguns pontos, de parcial e secundário interesse, para mostrar abismos profundos, em todos os que interessam à vida ordinária do homem, não resgata, com suas cidades, seus monumentos, suas estradas de ferro, todas as suas obras de arte, senão fração mínima da devastação da terra, e não representa, como estado moral e social, mais que uma situação de disciplina coercitiva, onde sentimentos e intenções, aparentemente puros, não passam de acomodações do egoísmo à vigilância social, e de passividade à sugestão de suas normas; e a menor crise, um pouco mais violenta, revela a tibieza da factícia construção. Os progressos reais da natureza humana e da sociedade são progressos parciais e isolados, que a vida e o movimento, o atrito dos sentimentos e das ideias, haviam de afinal produzir, fazendo calhar, ao acaso dos fenômenos e das relações, aqui e acolá, alguns elementos próprios em seu justo lugar. Os brasileiros representam, no quadro da civilização moral e social, um estádio em que o disparate entre as aparências e as realidades atinge a proporções do colossal. A cultura moral e social do Brasil — cópia de costumes das sociedades europeias,