A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

moldados com a longa formação tradicional dos hábitos da vida e com a inveteração de certas satisfações ao egoísmo, base do bem-estar e do prestígio social, é ainda a fachada vacilante de um faustoso edifício, em construção, e muito frágil.

A própria cultura mental do homem é, em toda a parte, um assombro de lacunas e incumbências. A psicologia do saber humano é uma das faces mais curiosas da História.

Nossa inteligência foi dirigida, desde tempos primitivos, por quatro ordens de preocupações: estudar os problemas da origem, da essência, da causa e da composição do universo e dos seres, os do espaço e do tempo, do infinito e do absoluto, que jamais conseguiu resolver e apenas hoje começa a compreender que a não interessam senão no ponto de vista religioso, ou como perspectiva do conhecimento; acudir diretamente ao apelo do sentimento e da piedade, para curar os males visíveis da existência, dar remédio às moléstias e corrigir os defeitos aparentes das coisas; inventar e construir sistemas; roubar forças e segredos à natureza.

Enquanto se tem empenhado com desenvolver uma Medicina, que, para curar as moléstias dos que se podem tratar, conquistou, sem dúvida, vastíssimo terreno de aplicações, e algumas verdades apreciáveis, e de um Direito, que não regula senão a fruição do bens, morais e materiais, conquistados pelos mais fortes, e faz, como a medicina nos corpos, a terapêutica das rebeldias sociais contra essa ordem de fato, a ciência humana não começou a ocupar-se seriamente da alimentação do homem, de sua educação física,