A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

caem no erro, comum a todos os que não têm as imagens da vida e da sociedade iluminadas pela noção do "tempo", prolongando-se para o futuro, e pela da relatividade, de supor que aquele estado exprime um nível definitivo do adiantamento humano, ou uma fase forçada da evolução de todos os povos. Acreditam, porque viram os norte-americanos desbravando as suas terras — coisa contra a qual começam, aliás, a reagir — e estendendo estradas de ferro, e a Europa, inteiramente povoada e talhada de vias férreas, que o mesmo se deve dar em toda a parte. É preciso atender, porém, em primeiro lugar, a que a viação férrea foi estabelecida, na Europa, a fim de ligar densas populações já existentes, e se foi desenvolvendo, nos Estados Unidos, conjuntamente com a população.

Há, contudo, razão mais forte ainda contra esta outra ilusão do nosso hábito imitativo, no ir seguindo os passos das velhas civilizações. Nos Estados Unidos, e na Europa, os progressos da viação, da navegação e da indústria resultaram do impulso inventivo que, nos fins do século XVIII e no começo do XIX, fizeram surgir o vapor, a locomotiva e as máquinas industriais e do impulso psíquico e econômico que estimulou e excitou as iniciativas e as ambições, mercê daqueiles descobrimentos, do desenvolvimento do crédito e de seus instrumentos, da emancipação política do homem, e das ideias individualistas, postas em foco pela Economia Política. O século XIX foi, por força destes fatores e, mais tarde, da eletricidade, o século do comércio e da indústria, em seu sentido mais amplo.

Ora, não só o surto e impulso destas forças atingiu proporções desmesuradas, como deslocou-se,