A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

sociedade, apropriadas a excitar o Prazer do trabalho e o interesse pelo trabalho. A expansão das populações, da viação e do comércio excita as ambições, desloca as massas do trabalho e condena a um vagaroso, porém certo, sacrifício, nos meios onde se agitam suas factícias indústrias, os elementos menos ousados, menos ambiciosos, que seriam, entretanto, os melhores, em sociedades normais. São estes os abatidos, em nossa sociedade, sob a massa dos eleitos, na associação do parasitismo e da audácia.

Mas o preconceito da colonização envolve outro erro ainda mais grave. Sendo exato que se não pode atribuir à imigração o efeito de desenvolver populações, é quase certo que a emigração produz, nos países velhos, uma compensação, quase imediata, aos desfalques verificados: a facilidade da vida, resultante da diminuição da concorrência, estimula, de novo, a proliferação. É, assim, mera ingenuidade acreditar que essas deslocações de populações valem por soluções ao problema demográfico de uns e de outros países. Se a população nacional dispuser de elementos de prosperidade, ela procriará tanto como os povos mais prolíferos: o brasileiro não é menos prolífero que os mais prolíferos habitantes do globo.

E, aqui, a questão do povoamento toca a um ponto mais interessante e vital: o da sorte da população atual do país, no jogo e nos azares da nossa desorientação política. Quando contemplamos o tipo de um homem do povo europeu ou norte-americano, trabalhador, forte e disciplinado, temos, diante de nós, o produto de um cultivo multisecular de vários fatores sociais: a autoridade, o governo, as leis, os costumes. A política,