as massas à sociedade dominante, os revolucionários prestaram ao povo a homenagem de consignar num dístico o princípio da sua investidura na posse do governo. Mas até aqui, o egoísmo, e mais talvez que o egoísmo, a incapacidade política, não fizeram senão dar mais ampla forma ao mesmo "impulso" de mando, ou de ambição, que inspirou os primeiros reis, como inspira os heróis de barricadas: o povo devia governar. Se há uma verdade solidamente conquistada pela nossa inteligência é a da incapacidade das massas para o governo; e um dos mais graves fenômenos das sociedades contemporâneas é o da insuficiência de seus governos.
A subordinação em que as democracias puseram os órgãos de governo submeteu os espíritos, por efeito de seu caráter representativo e por pressão dos interesses pessoais, à influência dos desejos dos governados, às necessidades de momento, ao fim imediato, ao ponto de vista direto, aos aspectos superficiais dos fatos, dos interesses e das tendências. As manifestações aparentes dos problemas e das necessidades não mostram suas soluções: iludem os espíritos, sugerindo erros e provocando complicações; os interesses de uma classe, relativos a suas dificuldades imediatas, para certos fins, em dado momento, complicam, por via das medidas fictícias que inspiram, a posição permanente dessa classe, os interesses gerais da produção, da sociedade e o futuro do país. Tal é, por exemplo, o caso das valorizações de produtos de exportação.
Em nenhum país, o mandato político está, atualmente, em mãos dos mais capazes. A educação intelectual não favorece, por outro lado, o