regime representativo com os interesses permanentes e contínuos da sociedade, fazendo seleção das capacidades. O governo só pode ser função de capazes, e a capacidade governamental é uma das mais raras. Não porque os problemas da Política sejam necessariamente os mais difíceis, mas porque a aptidão e o preparo para as funções públicas dependem de condições que não estão ao alcance de muitos, como arte de direção sintética da vida de um povo, não podia a política ser formada enquanto se não se tinha o poder emancipado da supremacia dinástica e da sacerdotal. É um dos traços mais curiosos da evolução do espírito humano o do contraste entre o fato de se haver praticado sempre uma certa ordem de atos, a que se deu o nome de política, ao passo que a concepção da grande arte de dirigir os povos desapareceu, logo depois de seus primeiros ensaios, com Platão e Aristóteles. O "governo do povo pelo povo" é uma ficção, que é tempo de substituir pelo "governo do povo para o povo". Expressa, no primeiro membro da locução: "o governo do povo", a ideia da origem e da fonte do mandato governamental grava-se, com a segunda: "para o povo". O imperativo do dever público, eliminando-se, com a supressão da segunda cláusula do lema: "pelo povo", a noção, incorreta e obsoleta, de um mandato direto, ou de uma ação direta do povo, na gestão dos negócios, de que o "referendum" é a mais infeliz das formas. O lema democrático é um indício a mais da verdade, tantas vezes aqui consignada, do móvel de interesse, que veio promovendo as reformas e revoluções políticas. Chegados ao último degrau da escala descendente, no processo pelo qual se foram sucessivamente incorporando