da nossa sociedade, da nossa gente e da nossa terra; consultar dois dos nossos políticos — tomados ao acaso — sobre os problemas capitais do país; e não se encontrará uma ideia comum, entre os dois, com visos de coisa capaz de servir de critério à direção da nossa vida prática. Fora dos chavões políticos e jurídicos da liberdade, do direito, da administração, da finança e dos princípios de Economia Política, rural e de agronomia, colhidos nos livros europeus, não se encontra um indício de que os nossos estadistas tenham estudado os problemas do nosso clima e da nossa natureza, das nossas raças e da nossa índole: os fenômenos das nossas relações físicas e sociais. As classes superiores da sociedade são tão alheias às ideias e realidades da política, que suas impressões sobre as coisas públicas não passam da sensação de prazer, ou de desprazer, por atos ou palavras, agradáveis ou não à sensibilidade, consoante ou não a prejuízos e conceitos superficiais, tomados em seu valor vulgar — \"in a popular sense\", como dizem os ingleses.
O estadista, avis rara na História, não é ave da nossa fauna. Formar e escolher governantes é, entretanto, o grande problema das sociedades modernas. Não há sistema capaz de suprir a necessidade desta seleção. Seria imprudente adotar qualquer dos sistemas teóricos até hoje sugeridos, perturbando a marcha evolutiva das instituições. As soluções políticas — cumpre que se o não esqueça — não se inventam.
As ideias do projeto aqui desenvolvido são destinadas a corrigir os defeitos do regime dcmocrático e a indicar os meios de o adaptar, bem