O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

De Amicis e que não resisto à tentação de traduzir, embora veja o quanto perdem os maravilhosos períodos italianos na tosca transcrição portuguesa:

"Parece-me ter sonhado certa vez, confusamente, num sonho imenso, luminoso e gentil, algo semelhante a esta visão. Não é isto uma baía, mas pequeno mar mediterrâneo, contornado por baías, que parecem rivalizar na graça das curvas e no sorriso das praias; e estas cem ilhas que aí estão semeadas formam o pequeno arquipélago mais encantador do planeta; e este anfiteatro de montanhas que a circunda é a coroa de granito mais maravilhosa que a natureza tenha preparado à capital de um império. Se pudéssemos exercer a crítica sobre a obra da natureza como criticamos a de um artista, diria que nesta grande obra ela procurou com manifesta demasia, para maravilhar os homens, a novidade e os contrastes da beleza. Um caos de montanhas. De fato. Uma variedade e estranheza de formas sobre que o olhar, atraído de mil lados, se perde como sobre a face cambiante de um oceano revolto. Cones solitários de granito que parecem enormes monolitos, pirâmides truncadas e fendidas, pontas gêmeas, altíssimas agulhas, agudas como lanças titânicas, montanhas gibosas e retorcidas, como imanes edifícios destruídos pelo terremoto e tornados imóveis no ato do esfacelamento: parece-me ver reunidas e alternadas montanhas da Calábria, da Saboia, do Spitzberg, da Terra do Fogo, Cervinos recurvados, Dolomitas afilados, todas as arquiteturas alpinas, as mais bizarras e mais ousadas de que conservo na mente a imagem. E que lindeza todas estas ilhas que parecem distribuídas com arte, agrupadas aqui, esparsas acolá,