O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

umas como rochas nuas e íngremes, outras transbordando de vegetação, semelhantes a bosques e jardins flutuantes, qual isolada, longínqua, como pequeno paraíso misterioso, surgido por encanto das águas! Na realidade toda a baía é um paraíso e parece que a natureza a tenha querido separar do mundo, serrando-lhe assim a entrada entre esses dois altos promontórios e plantando ainda no meio uma ilhota rochosa, como navio perpetuamente ancorado que vigie e ameace quem se aproxime... Dir-se-ia que nunca foram sulcadas por uma nave as águas limpidíssimas, tintas de tons tão suaves de azul, de verde e de róseo, tão maravilhosas de transparência e de claridade cristalinas, que dão o desejo de bebê-las, como se devessem dar uma embriaguez sobre-humana. Que me vem à mente? As palavras de Dumas sobre Os miseráveis: C'est trop beau pour un roman. Sim! tudo isto é belo demais para os homens".

Passado o deslumbramento da baía maravilhosa, talvez pelo excesso de beleza da visão inicial, é imensa a desilusão dos que desembarcam. Podemos acompanhar assim, numa sucessão de rápidas imagens, a evolução da metrópole brasileira, desde 1808, quando Luccock considerava o Rio "uma das mais sujas associações de seres humanos debaixo dos céus" até 1880, quando Wells se admirava de nossa rede de bonds, "a maior do mundo".

Luccock e Mawe falam do Rio com um ano apenas de diferença. O primeiro aqui voltou em 1813 e 1818, admirando-se da última vez dos melhoramentos que se passavam com pasmosa rapidez.