O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

sociedade com barbas de quase uma polegada, negras, hirsutas, como escovas de roupa".

Diz Luccock, no seu puritanismo anglicano e procurando traduzir o fato num circunlóquio: "Cloacina não tem altar no Rio de Janeiro, fazendo suas vezes certo utensílio". Uma pipa recebia todas as imundícies domésticas e era despejada diariamente ou (o que era o costume mais geral) uma vez por semana, levada à praia do Boqueirão do Passeio, na cabeça dos escravos. Eram os célebres tigres. Ainda aqui nada mais que a transplantação do velho hábito lusitano, e ainda bem que não se atiravam a desoras, pelas janelas, ao grito de água vai — como A. P. D. G. conta de Lisboa e como se fazia também na Bahia. Em Lisboa eram mulheres (geralmente negras) que levavam os tigres e, diz o referido cronista inglês: "quando descem as ruas para as praias do doirado Tejo, uma coluna de balsâmicos eflúvios, subindo do orifício destapado, regala o olfato das deidades debruçadas às janelas".

Eram esses balsâmicos eflúvios que explicavam o uso exagerado do rapé entre brasileiros e portugueses.

E apesar de tudo era a vida do Rio cheia de encantos, traduzindo Wells o pensar de muitos de seus compatriotas nestas linhas:

"Alguns anos depois, num dia nevoento de Londres, recordamos suas cintilantes belezas e lembramos, cheios de nostalgia, o céu límpido e azul, a temperatura agradável, os beija-flores esvoaçando de flor em flor, como joias vivas, e reconhecemos que, realmente, há muitos lugares piores que o formoso Rio".