O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

caçar, de modo que não passam mal de boca. Recebem também tabaco e quase todos ganham dinheiro, fazendo cestos e outras pequenas coisas, ou matando onças, cuja pele vendem por 5 a 10 chelins. Os escravos pareciam contentes e felizes, como é o caso geral. Todas as tardes, ao pôr do sol, vinham dar as boas noites ao Sr. Leonardo e a mim, saudação semelhante tendo lugar quando nos encontravam de manhã. Se um deles vai, de dia, a alguma distância, diz adeus a todos que encontra, como se estivesse a despedir-se dos amigos mais queridos na véspera de longa viagem; em frizante contraste com a apatia do índio, que nunca mostra sinais de pena ao partir, ou de prazer, ao voltar. À noite eles tocam e cantam em suas palhoças: o instrumento é uma espécie de viola, feita por eles, da qual obtêm três ou quatro notas da mais enfadonha monotonia. A essa música juntam improvisado canto, em geral referindo acontecimentos do dia; e os atos dos brancos têm nele considerável quinhão. Muitos criam galinhas e patos e amiúde vão pescar para suprir a casa, quando ganham quinhão da pesca. Todos os sábados à noite reúnem-se para o serviço divino, que se passa na sala arranjada em capela, tendo no altar imagens da virgem e vários santos, pintados e doirados. Dois dos negros mais velhos conduzem o serviço, ajoelhando aos pés do altar, e os outros ajoelham ou ficam de pé na sala. Os dois puxam a ladainha e todos respondem com muito fervor, embora sem compreender uma só palavra. Domingo é seu dia, para trabalhar nos próprios jardins, caçar ou descansar, como escolhem; e à noite reúnem-se na varanda para dançar, levando, às vezes, a noite inteira."