aparecia aos nossos olhos duplamente bela pela presença desta luxuriante produção tropical".
E não é menor o entusiasmo de Bates: "O aspecto da cidade, pelo amanhecer, era aprazível ao mais alto grau. Ela está construída em uma planície baixa, tendo apenas pequena elevação rochosa em sua extremidade sul, não se apresentando, portanto, em anfiteatro, vista do rio; mas as construções brancas, cobertas de telhas vermelhas, as numerosas torres e cúpulas das igrejas e conventos, as coroas de palmeiras acima dos edifícios, tudo, nitidamente recortado em claro céu azul, apresentava um ar de leveza e jovialidade dos mais alegres."
A Spruce pouco importavam a cidade e os habitantes, como confessa: "Permaneci no Pará apenas três meses. A botânica me ocupava de tal modo que minhas notas sobre a cidade são paupérrimas descrições, reportando-me às opiniões dos outros viajantes sobre ela e seus habitantes".
Ficamos, portanto, reduzidos a conhecer Belém de 1848 através das descrições dos dois zoólogos, comparando-as com as notas inéditas, cheias de vida e duplamente interessantes para nós brasileiros, escritas por esse outro grande naturalista, o preclaro e infeliz Alexandre Rodrigues Ferreira, sobre o Pará de fins do século XVIII, por isso que as poucas linhas da História do Brasil de Henderson muito pouco adiantam.
Em 1848 era Belém uma cidade de quinze mil habitantes, população bem menor que em 1819, quando o recenseamento acusava quase vinte e cinco mil, pouco se avantajando à de 1783, que era de 11 mil almas "entre brancos, índios e pretos de ambos os sexos, e desde as idades de 1 a 7 anos,