Os negros eram trabalhadores do campo e carregadores; em mãos dos portugueses estava todo o negócio a varejo; os artesãos eram quase todos mestiços; e os índios barqueiros, formando a tripulação dos inúmeros barcos de todos os tamanhos e feitios que faziam o tráfego com o interior. Nas canoas "as velas são feitas dos pés das frondes das palmeiras que chamam muriti e jupati, rachados os pés pelo comprimento e juntos uns aos outros com a embira; quando Deus quer, serve de vela a mesma palmeira sem mais custo"; nas igarités "os remos são umas pequenas pás, do comprimento de quando muito até 6 palmos, sem tolete na canoa; ver mover-se no rio uma canoa destas é ver mover-se uma tartaruga".
Em 1848 começa a sociedade mais fina de Belém a libertar-se, diz Bates, "das noções ignorantes e hipócritas que herdaram dos antepassados portugueses, especialmente as que se conservam no tratamento das mulheres. Antes os portugueses não consentiam às esposas frequentarem a sociedade ou às filhas aprenderem a ler e escrever. Em 1848 as senhoras brasileiras começaram a erguer-se desta posição inferior e os pais brasileiros abriam os olhos para as vantagens de educação das filhas.
Em Belém já se tinham infiltrado os defeitos dos grandes centros, e as intrigas sensuais eram o principal divertimento. "Não acredito", diz o mesmo observador, "que tal estado de coisas dependa do clima e das instituições, pois residi em pequena cidade do interior onde os costumes e o nível geral de moralidade dos habitantes eram tão elevados como em pontos semelhantes da Inglaterra".