O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

às vezes, uma camisa da mesma fazenda. As mulheres e meninas nas ocasiões de gala vestem-se de branco, num agradável contraste com o negro lustroso ou pardo da pele; e é então que o estrangeiro fica espantado de ver as cadeias e joias de ouro maciço usadas por essas mulheres, muitas das quais escravas. Os meninos andam nus até oito ou dez anos".

Era tarde de novena quando os dois naturalistas fizeram seu primeiro passeio pela cidade, e entre a população que se apresentava como mistura indefinível de brancos, negros e índios, chamaram a atenção de Bates "lindas mulheres, de olhos negros e expressivos, esplêndidas cabeleiras e com as roupas mal cuidadas, pés descalços ou metidos em chinelas, mas usando brincos ricamente decorados e colares de grandes contas de ouro." E achou "o misto de desalinho, luxo e formosura dessas mulheres no mais perfeito acordo com o resto do cenário, tão espantoso era o contraste das riquezas naturais e da pobreza humana".

Para o mesmo Bates o povo do Pará é mais simples, mais pacífico e de maneiras mais amáveis que os das outras cidades marítimas do Brasil, mas muito inferior ao habitante dos estados meridionais em energia e diligência, sendo os brasileiros educados, gente amável, viva e inteligente. Rodrigues Ferreira não simpatizava com o povo: "A respeito da constituição, fisionomia e caráter dos naturais pouco há que dizer de novo. São pela maior parte morenos e cloróticos os parauaras, pouco barbados, de maus dentes e piores vozes, luxuriosos, desconfiados, indolentes e mais supersticiosos que devotos".