O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

pesadelo", nada nos diz da cidade que lhe aparecia aos olhos afeitos à rusticidade da vida dos campos como um novo apelo da civilização. Aliás sua estadia aí foi apenas de poucas horas, consumidas na corveia de conseguir passaporte e passagem para a Bahia. Depois do cônsul inglês recusar-lhe esse passaporte e "qualquer auxílio ou assistência," encontra afável e cordial acolhida do chefe de polícia que lhe fornece, incontinenti, um salvo-conduto. Quanto a Henderson dá-nos apenas em algumas linhas, singelas notas, certamente compiladas.

É Koster observador amável no qual pode a gente confiar, pois nunca se percebe em sua narrativa a preocupação da originalidade, a ideia do ridículo, o azedume da censura. Aqui e ali aparecem algumas sombras que mais realçam os pontos claros, ou um pouco desse indefinível humour inglês, que não chega para gaudio dos desafetos do Brasil nem para que se agastem ou amarguem as suscetibilidades do leitor mais jacobino. Quando ele diz, por exemplo, que os funcionários da alfândega de São Luís vêm para bordo fartar-se de pão, queijo e cerveja sem despachar o navio, há a calma de uma nota sem maior importância, que não sublinha com qualquer malévolo comentário.

Em 1810 parecia-lhe São Luís uma cidade construída sem nenhum plano de conjunto mas, mesmo assim, com algumas ruas largas e várias praças, num ar de desafogo, particularmente agradável em clima tão quente. Quase todas as ruas eram calçadas; as casas de aspecto asseado, bonitas, havendo grande número de sobrados, nos quais o andar térreo era aproveitado para moradia