fortalecendo o pendor pessoal, esteriliza os governos e repele as figuras de mais valor. Há uma espécie de lei de Gresham na política.
Os verdadeiros grandes homens foram, sobretudo, grandes eleitores de capacidades. Mas, dentre os vultos culminantes da história política, Washington, o tipo por excelência do chefe de Estado democrático, deixou a tradição de um admirável senso de tolerância e de equilíbrio entre os partidos, as facções, e até entre ministros rivais. Seus secretários foram os homens mais eminentes da política americana; dois deles, Hamilton e Jeferson, eram inimigos extremados; o último, conhecidamente infenso ao próprio presidente, tinha por secretário particular um jornalista que, em sua folha, não hesitava em lançar as mais violentas injúrias contra o chefe de Estado.
A tendência dos grupos que se apossam do poder é exclusivista e eliminadora: as ambições crescem na razão direta da força conquistada; o círculo dos interesses privados e simpatias pessoais procura cerrar-se. Os homens capazes — em regra tímidos e briosos — evitam confundir-se na massa dos assaltantes das posições... É preciso que as personalidades dominantes exerçam um grande e permanente esforço por se emancipar do círculo que tende a encerrá-las, evitando o escolho de formar novos círculos, e procurando apagar, se possível for, toda a linha da circunferência. É indispensável que elas ponham em ação todos os recursos do tato, toda a largueza da alma, todo o respeito pelo brio e pelo valor alheios, a fim de dissipar prevenções e atrair a colaboração dos elementos úteis de todos os matizes.