A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

pressão de inimigo, nem por influxo de apoio mútuo e de solidariedade; operou-a a atração das ambições pessoais pelos encantos misteriosos e entontecedores dos "Ofir" do horizonte ocidental. Os países de origem colonial têm por móvel psíquico de formação a cobiça desordenada de aventureiros.

Mais ou menos humanos, mais ou menos moralizados, conforme a camada social e a civilização de que provinham, segundo a época em que operavam a imigração, esses indivíduos não olhavam para as novas regiões com olhos místicos, à espera da terra prometida, para uma existência de paz e de prosperidade, entre irmãos de sofrimentos e de lutas, mas das regiões ricas e férteis das Índias do Ocidente, iluminadas pela fulguração de minas inesgotáveis e revestidas de florestas, onde especiarias raras prometiam fortunas fabulosas, como as que se viam nas mãos dos ricos importadores do Oriente. A fundação da América representa, na História, o fenômeno da emancipação das ambições humanas. Foi dos encontros desordenados, dos interesses e das paixões desses aventureiros — os tipos mais fortes das nossas primitivas populações — que surgiram as gerações agitadas, vivazes, lutadoras, cúpidas, que formaram a sociedade das repúblicas americanas até à sua independência política.

Os povos descobridores têm a alma objetiva, prática, realista, terra a terra; dentre eles, os elementos que emigram são aqueles que se desprendem dos laços morais e afetivos, crescendo-lhes os estímulos da audácia e da ambição. A Fenícia, material em todos os seus móveis, sem poder de idealização, sem nobreza ética, em seu culto e em