frases sentimentais e recitativos, a burla do "Paris na América".
Como população, entre a classe senhoril e os escravos, além de limitado número de habitantes das cidades, entregues, com pachorra, a meia dúzia de negócios e indústrias, primitivos e rotineiros, havia a imensa massa dos "agregados", famílias de indivíduos ociosos, analfabetos, mal nutridos, morando nos "sítios", desprezados das fazendas, que só apareciam nos "jongos" dos dias de festa, e de cujos serviços só havia notícias nas anedotas picantes da domesticidade dos fazendeiros.
Nesta sociedade sem povo, onde as classes se defrontavam quase com o rigor das castas da Índia, enquanto os donos da terra extraíam inconscientemente a seiva do solo, os legisladores enchiam os anais do Parlamento desses intermináveis discursos, tão usados nas épocas de decadência, onde, a propósito do fato impressionista do dia, se acumulam inúmeros argumentos e copiosas citações de autores estrangeiros, sem que se chegasse jamais a conhecer nossos problemas positivos e permanentes e a atingir os fenômenos reais da vida nacional e suas causas íntimas e profundas. Não era de surpreender que o nosso caminhar fosse sendo conduzido por força de impulsão, ou por fatalidade de dissolução, entre movimentos desorientados.
A abolição e a República, aspirações morais do liberalismo, que as propagara romanticamente, fizeram-se um dia, de improviso, trazida uma a termo por um movimento de interesse dinástico, a outra consumada pela revolta das forças militares — sem sucessão de antecedentes evolutivos,