A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

e sem estações de sazonamento e maturidade, que lhes preparassem o êxito, traçassem o caminho e antecipassem as ideias e elementos de substituição, mas como uma queda de frutos, crestados, ainda verdes, ao calor do sol, e presos ao galho da árvore, até que uma rajada os lança por terra...

Assim, quando se decretou a abolição, todo o problema do trabalho surgiu, aos olhos de políticos e estadistas, com os dois aspectos mais curtos e imediatos; o da indenização aos lavradores e o dá necessidade de \"braços\" para as fazendas. O interesse permanente da produção, confiada, até esse dia, ao sistema grosseiro dos latifúndios, e a sorte dos ex-escravos e sua educação para o trabalho livre foram desprezados; continuou-se a pensar em importar colonos, para o trabalho assalariado; mas os \"colonos\" ou se instalam, provisoriamente — às vezes, até por estações de colheita - para reemigrar com capitais, ou, quando não se fixam, nas cidades, em negócios e indústrias de pura transformação, entregam-se à indolência, nos centros rurais, passando, com os antigos agregados e ex-escravos, a formar a ambígua e miserável sociedade que se avista hoje, em muitas regiões do país, à margem das estradas, às portas das vendas, e nos campos, quase faminta, entupida, sem estímulos, entregue ao álcool e ao furto.

No Império, como na República, o povo brasileiro continuou a ser essa mistura, incongruente e sem alma: um grupo numeroso de intelectuais, uma exorbitante massa de diplomados, pequena camada de industriais e de comerciantes, nas cidades, e, pelo extenso território, donos de fazendas