explorando as terras; umas em exuberância de frutificação, outras quase ressequidas, com o braço imperito do colono; e, por toda a parte, multidões de indivíduos, sem profissão, sem alimento, vivendo quase ao ar livre, em muitos lugares realmente nômades, analfabetos, sem notícia da vida a uma légua de distância, sem consciência do dia seguinte.
Para as crises e dificuldades econômicas, que iam surgindo, os estadistas não encontravam senão umna solução: a dos empréstimos à lavoura. Era o reclamo mais forte, o brado mais enérgico que conseguia chegar à imprensa e ao parlamento, porque partia das cabeças um pouco mais inteligentes e dos homens de influência eleitoral. Com meia dúzia destes empréstimos, de tempos a tempos, e alguns títulos nobiliárquicos e comendas, fazia-se a sugestão do socorro do poder à grande fonte da riqueza pública, e amainava-se a tempestade dos protestos.
Foi a este povo brasileiro, assim composto, que a República se propôs a dar um regime livre e democrático. Mas os homens que fundaram a República, propagandistas ardentes de entusiasmo, e antigos monarquistas, sinceramente desejosos de colaborar no novo regime, cogitaram, com seu preparo doutrinário, de reformar a estrutura governamental, os aparelhos políticos e da administração. O país lucrou, em certos aspectos, com a descentralização, mas perdeu em outros; a vida intelectual ganhou em vivacidade, mas dispersou-se talvez mais, justamente pelo desenvolvimento da curiosidade e das aquisições teóricas; mas a vida jurídica, civil, social e econômica, perdeu com os abalos da ordem pública, com a insuficiência