muito fraco, para a vida moral daquelas sociedades, agitadas pelas tremendas convulsões das lutas feudais e dos choques entre grandes monarquias e impérios.
A forma do patriotismo belicoso, o patriotismo da bandeira e do "ponto de honra", agressivo, romanesco e dramático, era mais próprio para apaixonar as almas e influir nos espíritos, do que esse outro sentimento contemplativo e pacífico, num tempo em que as imaginações ferviam com a ebulição de ímpetos bárbaros, nas cruentas lutas das conquistas. Cavalheiros e bardos, espalhando por todas as camadas sociais a fama de seus feitos d'armas e aventuras de amor, em novelas e "chansons de geste", faziam crer às almas ingênuas do tempo que a vida, a atividade e a glória, todo o esforço e fim da natureza do homem, estavam nesses lances violentos, em que, ao embate das espadas e ao choque dos escudos, jogava-se a existência, pela mão de uma castelã, ou pela posse de um império.
A literatura e a política, reduzindo a fórmulas e símbolos esta concepção do patriotismo, fixaram-na e propagaram-na; e a noção intelectual com o intenso poder dominador, inerente às ideias que a imprensa derrama e faz circular, adquiriu uma força dogmática sobre as inteligências.
Assim como o renascimento da cultura clássica introduziu, nas sociedades da idade média, a fórmula dos gregos e dos romanos, as letras, a história da cavalaria e o romance feudal transmitiram às gerações sucessivas o tipo do patriotismo militar, brilhante como o metal dos escudos e agudo como o toque dos clarins.