tendem a crescer, em progressão geométrica: este desenvolvimento importa um acréscimo, correspondente, de influência, de verdadeira supremacia prática, por vezes despercebida, outras não exercida, mas ao alcance de todos os privilégios da sorte.
A lei e a administração são fontes permanentes de desigualdade e de privilégios.
O hábito de encarar os objetos da legislação e do governo como entidades abstratas, que se erguem entre o critério do poder público e a realidade, criou ilusões e desvios de apreciação e de aplicação. A pátria, o país, a nação, o estado, o município, a riqueza, a produção, o comércio, a indústria nacional, tornaram-se etiquetas, sob cujos caracteres o olhar quase sempre sincero do governante não percebe os interesses, parciais ou momentâneos, que se esforçam por derivar, em seu proveito, um afluxo de fortuna. Com um imposto, um porto, uma estrada de ferro, o legislador estimula, favorece, anula ou enfraquece uma fonte de riqueza, uma região, uma classe. O desenvolvimento das cidades e o protecionismo industrial atraem populações e capitais dos campos para os grandes centros. Em regra, todas as medidas de proteção a indústrias particulares, que não consistem em simples eliminação de embaraços e supressão de elementos parasitários, dos mercados e do comércio, importam privilégios para a classe favorecida, e, dentro desta, para os exploradores mais fortes.
Sobre estes elementos de desequilíbrio, dois outros assumem, entretanto, o mais tremendo e desastroso caráter: a espécie de perversão do patriotismo que conduz a considerar os fenômenos