o húmus, e eliminadas as populações que as habitavam. Tal tem sido a nossa política, destruidora e imprevidente.
É conveniente voltar atrás, para destacar um ponto fundamental: o da organização política. A ideia de governo é uma ideia de tradição. Todos os que sabem ler e escrever estão compenetrados de que os povos carecem de governo: mas, se os espíritos cultos dificilmente concebem a possibilidade de virem a existir, em remotíssimo futuro, de muitos séculos, sociedades regidas por uma ordem espontânea, nenhum espírito esclarecido se permite duvidar de que a instituição do governo, nascida na infância da nossa espécie, não representa propriamente um instrumento forjado pelo interesse social a servico do bem-estar e do progresso humanos: resulta de um simples fenômeno natural da economia coletiva, por força do qual surgiu e firmou-se, sem que seus agentes cogitassem das massas e sentissem outra solidariedade com elas que não a imposta pelos impulsos de sua própria atividade. Os governos e seus círculos eram, em suma, senhores, ou, pelo menos, parasitas, das multidões dirigidas. Depois das revoluções políticas, e da conquista das liberdades, depois do desenvolvimento, principalmente, das concepções filosóficas e jurídicas, da arte de governar, os homens políticos passaram a encarar seus mandatos como imperativos de zelo pelo bem público: mas, se as intenções formularam-se neste sentido, e os programas consagraram tais propósitos, o certo é que a formação do governo e de seus órgãos, desenvolvendo-se ao impulso do móvel primitivo, não teve origem no objeto visado