A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

pelo espírito, e que a política e a governação obedeceram à orientação preestabelecida, mal imprimindo, em seus desenvolvimentos sobre a realidade, o cunho de seus desígnios.

Formado de alto para baixo, o governo é um mecanismo artificial, que corresponde, sem dúvida, a uma ordem, e mantém esta ordem, sendo lícito, contudo, inquirir-se se em troca da conciliação material que garante entre as pessoas e as relações sociais, não é, de fato, um jugo para a sociedade e uma opressão, para o indivíduo. A razão superficial da ordem, como estado de tranquilidade e segurança policial, é um dos elementos mais fortes desta dúvida.

Em todos os países, e, flagrantemente, na Inglaterra e nos Estados Unidos, para não citar outros de vida mais desordenada, se está sentindo que os moldes, relativamente perfeitos, de suas constituições, não comportam os movimentos da vida social. Talvez, apenas na Alemanha se possa reconhecer um certo equilíbrio entre a sociedade e o governo — obra de sua rígida disciplina e espantosa prosperidade, abalada já por mais de uma oscilação, e talvez não por muito tempo vitoriosa sobre os impulsos espontâneos da sociedade.

Está a explicação disto, provavelmente, no fato de faltarem, de todo, entre a instituição tradicional do governo e a ideia teórica de seus fins, os meios e instrumentos próprios para fazer surgir e desenvolver-se a governação do seio da sociedade: a filosofia e o direito caminharam diretamente para os ideais e procuraram ajustá-los à vida social; a política, deixando de ser empírica, passou a ser doutrinária; e disto resultou