A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

conforto, da ostentação e da futilidade, dos grandes centros: a noção vulgar de viajantes e da literatura ligeira, partilhada, aliás, por grande número de homens que se presumem cultos, as outras, como a da ciência, da arte, da cultura, das invenções, estão tão intimamente subordinadas à controvérsia sobre o valor prático das criações do espírito, e tanto dependem das condições, aleatórias ou eventuais, de aplicação, que não há como formular juízo seguro de avaliação.

A ideia de reformas, melhoramentos, engrandecimento, não é sempre equipendente da ideia de "civilização". O caso, por exemplo, de uma grande cidade, como a do Rio de Janeiro, onde o garbo das avenidas e ostentosa aparência das fachadas raro mostram obras de arte arquitetônica: cidade de fausto, encravada, como Bizâncio, entre populações miseráveis, e vivendo, como porto e como empório comercial, a vida de falência que resulta do aniquilamento da produção nas regiões que alimentam seu comércio, apenas compensada pelo movimento artificial do oficialismo — não é, nem mesmo, indício de avanço, moral ou social.

Os dados atuais do pensamento não permitem proferir sentença sobre se a humanidade vai realizando o escopo da "civilização".

Quanto a "progresso", individual ou social, as mesmas reflexões sobre a "civilização" respondem, em parte, à pergunta: se não é possível afirmar o fato da civilização, não se pode também reconhecer o fato do progresso. Que se deve entender por "progresso"?

O caminhar do homem e da sociedade para algum fim conhecido, preestabelecido — para metas