que levantamos: a da ideia da Política, de seu valor e de seu alcance. É possível admitir a existência de uma "arte política", uma vez que os dados sobre os quais ela deve versar — as ideias de civilização e de progresso — não encontram, nos espíritos, definição assentada, correspondendo, ainda, a manifestações aparentes da vida social? Parece evidente que não.
Em seu aspecto dinâmico, a noção de "civilização" deve exprimir um estado de equilíbrio e de harmonia entre o homem, o meio físico e a sociedade, capaz de assegurar bem-estar e cultura ao indivíduo e desenvolvimento à espécie, conservado e melhorado o patrimônio cósmico da humanidade e aperfeiçoado o seu patrimônio mental. É a ideia de Herbert Spencer, menos subordinada ao elemento físico, e mais ampla e mais justa, no que interessa à permanência e continuidade social, e ao valor dos bens que formam a nossa fortuna material e psíquica.
O indivíduo, a sociedade e a espécie, termos cardeais da noção: a unidade, no indivíduo; coletividade, na sociedade; a espécie, coletividade permanente, sucessiva e capaz de progresso na duração. A terra; base, objeto físico e sede objetiva da organização; a tradição espiritual, moral e intelectual — essência e natureza subjetiva da sociedade. Destes extremos e destes caracteres resulta o primeiro critério de avaliação ética dos atos sociais: vantagem para algum dos elementos, sem prejuízo para qualquer dos outros. E, como o critério de "vantagem" pressupõe um "valor", este valor deve ser deduzido, em primeiro lugar, do interesse da conservação e da vida; em segundo, da aspiração